Empresa de home care tem risco de fechar as portas em Campos

Leandro Caldas | 02:46 | 0 comentários


Responsável falou sobre dívida de R$ 8 milhões da prefeitura e o risco de encerrar serviços

Oito milhões em dívidas sem previsão de pagamento, 52 famílias com pacientes que necessitam de cuidados especiais prestes a ficarem desamparadas e uma empresa com o risco de fechar as portas. Esta é a realidade dos envolvidos com o serviço de home care em Campos. Segundo a dona da empresa Nutrindo, Sara Evelin Navega, a Prefeitura de Campos tem uma dívida de R$ 8 milhões com a empresa, que não tem previsão de ser quitada. Enquanto isso, a Nutrindo não tem mais recursos para pagar funcionários e materiais básicos para estes pacientes.

Em uma coletiva de imprensa na tarde desta sexta-feira (13), a médica Sara Evelin explicou a situação. “A gente está tentando suprir de todas as formas estes problemas, mas está complicado. Estivemos ontem com os familiares e eles ficaram revoltados com a possibilidade dos pacientes saírem de suas casas e irem para os hospitais. Pois lá eles só ganham infecções e risco de vida e ainda faltam produtos. Desde o início do nosso atendimento, temos problemas para receber os repasses da prefeitura, mas desta vez foi pior. Eles começaram a pagar pouco e depois do prazo e isso foi acumulando a dívida”.

Ainda segundo a médica, a falta de materiais obriga a empresa a transferir estes pacientes para os hospitais. Ela ainda chegou a procurar leitos disponíveis na rede pública de Campos, mas não encontrou. “Tentamos no Hospital Geral de Guarus (HGG) e no Hospital Ferreira Machado e não encontramos vagas. Em casa nós damos o suporte completo, por isso que os familiares ficam tão satisfeitos. Temos um índice de satisfação acima de 90%. Estas pessoas precisam de cuidados, pois um paciente sem uma simples fralda tem o risco de ter uma infecção, de ter uma ferida. Na medida em que começa a haver falta destes insumos, a pessoa precisa ir para o hospital. Eles não podem ficar sem a alimentação especial, sem os medicamentos, tudo é importante. Só que a ida para o hospital é algo extremo para estes pacientes. Em três anos de assistência é a primeira vez que temos esta possibilidade. Entre os nosso pacientes, 25 estão em situação crítica e uma internação no hospital pode piorar a situação deles”, desabafou.

Críticas à prefeitura
Segundo a médica, a prefeitura divulgou que fez o pagamento de R$ 10 milhões à empresa Nutrindo neste ano. Sara Évelin negou a informação e disse que o valor é referente ao pagamento dos anos de 2013 e 2014. “A prefeitura prioriza a contratação de uma empresa para cuidar de jardinagem e paga R$ 18 milhões por ano. Se ela entendesse que é prioritária a assistência à saúde e não uma empresa para cortar grama, ela não teria este problema”, explicou.

A responsável pela Nutrindo disse ainda que recebeu uma informação informal de que outra empresa assumirá os serviços de home care. “Recebemos uma ligação de que eles vão contratar uma empresa de São João de Meriti para fazer o trabalho que nos fazemos. Nós vencemos uma licitação e agora eles nos devem e vão contratar outra empresa em caráter emergencial com a alegação que não estamos cumprindo o nosso serviço. Estão querendo fazer com a gente o que fizeram com a Santa Casa. Eu lamento pelos pacientes e não gostaria de ver este serviço sendo encerrado”, disse.

Risco de fechar as portas
Com dívidas com os funcionários e os fornecedores e tendo a Prefeitura de Campos como única cliente, com a falta de pagamento e a possibilidade de ser substituída, a empresa corre o risco de fechar as portas. “A falta de pagamento da prefeitura ao longo dos meses foi nos estrangulando aos poucos. Tivemos uma audiência de cobrança onde o governo reconheceu a dívida, mas disse que não ia pagar. Disse que ia pensar em uma posição. Hoje a prefeitura é nossa única cliente e temos o risco de fechar. Eles reconhecem a qualidade do nosso serviço, mas preferem não pagar e arrumar outra empresa. A nossa empresa, que é certificada e muito elogiada pelas famílias está sendo jogada no lixo pela prefeitura”, finalizou.

Sempre respeitando o princípio do contraditório e buscando as diferentes versões para um mesmo fato, o jornal Terceira Via tentou contato com a Prefeitura de Campos, sem obter respostas. Ainda assim, o jornal aguarda e publicará as versões que forem enviadas.​

Jornal Terceira Via

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