Estado do Rio de Janeiro registra 17 casos de desaparecimentos por dia

Leandro Caldas | 11:52 | 0 comentários

Para especialista, o principal motivo que leva um cidadão a desaparecer é o conflito familiar

Dias de angústia. Assim se define o cotidiano de milhares de famílias cujos entes queridos desapareceram. Somente no ano passado, 6.348 casos foram registrados nas delegacias de todo o estado do Rio de Janeiro. De acordo com o Instituto de Segurança Pública (ISP), dezessete pessoas desaparecem por dia, em média. Até o último dia 3, a Delegacia de Descoberta de Paradeiros (DDPA) da Polícia Civil - especializada em investigar os casos do estado - registrou 1.062 casos no estado.

Apesar do alto número de ocorrências, a DDPA consegue resolver uma média de 87% dos casos. Dos 2.491 episódios apurados pela unidade no ano passado, 2.192 desaparecidos foram encontrados. A delegada Ellen Souto, titular da DDPA, esteve à frente no caso do neto de Chico Anysio, Rian Brito. O jovem de 25 anos saiu do Rio de Janeiro no dia 23 de fevereiro. Nove dias depois, ele foi encontrado morto em uma praia deserta de Quissamã. Durante as investigações, Ellen frisou a importância da colaboração da população na localização dos desaparecidos.

“A pessoa desaparecida locomove-se com muita rapidez, por isso a sociedade é um grande parceiro nesse tipo de investigação. A divulgação da imagem do desaparecido nas redes sociais é uma ferramenta de trabalho espetacular. Temos um Facebook da delegacia onde compartilhamos os cartazes de desaparecidos”, ressaltou a delegada ao jornal carioca Extra.

Com o sumiço de Rian, os pais do jovem – Nizo Neto e Brita Brazil – esclareceram em suas respectivas páginas de uma rede social sobre o registro de um ente desaparecido. “Não é preciso esperar 24, 48 ou 72 horas para comunicar à polícia. Ao perceber que seu parente não vai voltar, vá até a delegacia mais próxima da sua casa e faça um boletim de ocorrência. Descreva a situação em que ocorreu o desaparecimento e a aparência da pessoa. Forneça sempre o máximo de detalhes. Leve fotos e documentos do desaparecido. Depois vá aos hospitais e  Institutos Médicos Legais da cidade e região”, alertou o pai de Rian, após a localização do corpo do filho, no último dia 3.

Por que as pessoas desaparecem?

Para a psicóloga Andressa Marin, o principal motivo que leva um cidadão a desaparecer é o conflito familiar, que fica entre 70% dos casos. Mas, existe a adoção ilegal, tráfico de órgãos e o tráfico de pessoas - onde adultos e crianças são levados para a prostituição.  “O desaparecimento tem várias causas interventoras. Violência doméstica, criminalidade urbana, problemas de saúde, negligência. Em caso de adultos, normalmente é a depressão que leva uma pessoa a sumir. É uma fuga de si mesmo. Você foge do ambiente que gerou o sentimento depressivo”, ressalta a profissional.

A situação de ter um parente desaparecido afeta toda a estrutura familiar. De acordo com a psicóloga, a família vive uma espécie de luto, sem velório e enterro. “A incerteza do que aconteceu com seu ente querido deixa uma lacuna na vida de quem convivia. Assim, quem ficou não consegue seguir a sua vida. Fica preso à expectativa de que a pessoa vai voltar”.

Desaparecidos na região

R
osimary Valadares – Campos dos Goytacazes

A família de Rosimary Valadares, 49 anos, moradora no bairro do Jardim Carioca, continua na expectativa de receber informações sobre o seu paradeiro. Ela está desaparecida desde o dia 11 de fevereiro, quando saiu de casa para ir ao Centro da cidade. À tarde, ela telefonou para casa informando que viajaria para o Rio de Janeiro. Passados dois dias, os documentos dela foram encontrados dentro de uma lixeira em uma estação de metrô, em São Paulo.


As imagens do circuito de segurança da estação de metrô Ferraz de Vasconcelos, em São Paulo, foram analisadas, mas não acrescentaram detalhes nas investigações, que estão a cargo da Polícia Civil paulista. A família esclarece ainda que Rosimary, que é funcionária de uma empresa com sede em Macaé, foi diagnosticada com transtorno bipolar há oito anos.


Rafael Levindo Ricardo - Itaperuna

A família do açougueiro Rafael Levindo Ricardo, de 27 anos, está desesperada tentando encontrá-lo. No dia 29 de novembro ele saiu de casa para buscar a esposa no trabalho, em um posto de combustíveis de Itaperuna, mas nunca chegou.


Rafael estaria dirigindo o carro do casal, um Fiat Uno, placa LLG 9237, quando sumiu. O caso foi registrado na delegacia do município, mas a polícia não conseguiu nenhuma pista. Segundo a família, em 2014, ele teve um surto enquanto trabalhava embarcado e começou um tratamento psicológico. Depois disso, apresentou melhora e começou a trabalhar como açougueiro. A esposa acredita que ele pode ter tido algum problema psicológico, já que estava tomando medicamentos controlados.


Kenya Caroline - Região dos Lagos

Eva Aparecida dos Santos segue em uma busca incansável pela filha Kenya Caroline, de 28 anos. A jovem foi vista pela última vez no dia 4 de janeiro. Por volta das 21h, ela saiu de Araruama, Região dos Lagos, para levar uma passageira até Niterói e, desde então, não foi mais vista.


A jovem transportava passageiros em um veículo Palio azul marinho. A família não sabe informar a placa. O carro também não foi localizado. No dia do desaparecimento, Kenya vestia calça comprida e casaco da cor vinho.



Jornal Terceira Via

Category:

0 comentários

!-- -->