Campos: 181 Anos

Leandro Caldas | 19:20 | 0 comentários

Thaís Tostes - Folha da Manhã
Foto: Rodrigo Silveira
Campos dos Goytacazes, município que é um dos maiores polos universitários do país, reunindo cerca de 40 mil estudantes; que é cortado pelas águas do rio Paraíba do Sul (não tão volumosas como antes, mas ainda assim de grande beleza); e que reúne uma população forte, composta em sua maioria por negros; está completando 181 anos de registro. Foi em 28 de março de 1835 que a Vila de São Salvador ganhou a etiqueta de cidade. Em comparação às grandes cidades do mundo, Campos há muito que crescer, é verdade, mas reúne peculiaridades que a fazem um local confortável para um grande número de pessoas.
O município que possui pouco mais de meio milhão de habitantes origina centenas de artistas multi talentosos. Nesse seu aniversário, a planície em que sobrevive a lenda do grande jacaré que vivia submerso às águas do Paraíba será palco para uma curta adaptação da lenda “O Ururau da Lapa”. A peça será apresentada nesta segunda-feira (28), com início às 8h, no pátio da Prefeitura de Campos, pelos integrantes do Grupo Oficina de Texto Terra da Alegria (Gotta), que é formado por alunos da Escola Municipal Professora Sebastiana Machado Silva, do bairro IPS.
As terras que eram ocupadas pelos habitantes originais de Campos — os índios goitacá, divididos em Guarulhos e Puris — começaram a ser colonizadas em 1627, com a chegada dos Sete Capitães, como conta o Instituto Historiar. A área geográfica foi às mãos da capitania de São Tomé e, meio século depois, tornou-se a vila de São Salvador dos Campos. Na segunda metade do século 17 e na primeira metade do século 18, Campos foi palco de violentos conflitos por posses de terras. Atualmente, o município apresenta uma grande concentração fundiária; e possui ocupações do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) das quase nunca se ouve falar. É, também, a cidade canavieira que manteve trabalho escravo em lavouras, como já escreveu o blogueiro super conceituado Leonardo Sakamoto.
Campos é essa cidade que carrega em sua história, simultaneamente, a classificação de “a última cidade brasileira a abolir a escravidão” e a autoria de um movimento abolicionista. Em 17 de julho de 1881, foi fundada a Sociedade Campista Emancipadora, que propagava a luta pela emancipação dos negros, e foram o jornalista Luís Carlos de Lacerda e o ativista José Carlos do Patrocínio (conhecido como o “Tigre da Abolição”) um dos maiores expoentes desta causa.
— Acho que Campos precisa se livrar de uns ranços históricos. Um bom exemplo é que, aqui, o doce do açúcar foi conseguido por meio do amargo da escravidão. É uma cidade de nome indígena, com forte formação negra e que continua com mentalidade preconceituosa em relação a estas duas raças. Existe certo pedantismo social que já era lamentável em outras épocas; e, agora, além de continuar sendo lamentável é, também, injustificável do ponto de vista econômico — comentou o professor de História, pesquisador de Cultura Popular e agitador cultural, Marcelo Sampaio.

Folha da Manhã

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