Chicão admite dívida de R$ 1,5 milhão do governo Rosinha com a Santa Casa

Leandro Caldas | 03:12 | 0 comentários


“Eu já entendi o jogo todo. E o jogo é não pagar!”. Foi o que denunciou agora há pouco o odontólogo Paulo Cassiano, membro da junta interventora da Santa Casa de Misericórdia de Campos, na audiência de conciliação do maior hospital conveniado do município com o governo Rosinha Garotinho (PR), representado pessoalmente por seu vice-prefeito e secretário de Saúde, Dr. Chicão de Oliveira, e o procurador municipal Francisco José Martins Barreto. Segundo Cassiano, junto aos também interventores Leonardo Ferras e Ruy Grain, o plano do governo Rosinha é deixar o hospital a míngua até morrer, para que posteriormente o município acione o Tribunal de Contas para tomar o hospital. Sem solução para o dilema, a junta interventora anunciou que a Santa Casa terá que voltar a suspender os atendimentos pelo Sistema Único de Saúde (SUS) dentro de 15 dias.
Ao contrário o que a prefeita Rosinha garantiu aqui, no último dia 20, quando ocupou ilegalmente a Santa Casa, Chicão admitiu na audiência de hoje que a administração municipal tem, sim, uma dívida com a Santa Casa. Mas, segundo o vice-prefeito, ela seria de “apenas” R$ 1,5 milhão. Por sua vez, após a junta interventora do hospital falar numa dívida inicial de R$ 7 milhões da Prefeitura, Cassiano hoje disse que levantamentos mais detalhados subiram o passivo da Santa Casa para R$ 9 milhões, por serviços que teriam prestado pelo SUS, sem ser pagos com os recursos federais repassados à Prefeitura.
Segundo o vereador Marcão (PT) apurou aqui, em cima de dados oficiais da União, o governo Rosinha já recebeu R$ 112,7 milhões em recursos federais do SUS, de janeiro a outubro deste ano. O vereador prometeu (aqui) na sessão de ontem denunciar na Polícia Federal a retenção de recursos do SUS pela Prefeitura, denúncia feita originalmente pelo empresário e médico Herbert Sidney Neves, presidente do grupo Imne. Desde o último dia 19, a Folha da Manhã tem cobrado um posicionamento do Ministério Público Federal (MPF) de Campos sobre a denúncia, mas até o presente momento só o silêncio foi resposta.
Na audiência de hoje, além da prefeita Rosinha — que alegou não ter comparecido por não ter sido intimada e já ter outro compromisso —, quem também não esteve presente o juiz Elias Pedro Sader Neto, da 1ª Vara Cível de Campos. Ele convocou aqui a audiência, e ontem (28) teve mantido (aqui) pelo presidente do Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro (TJ-RJ), desembargador Luiz Fernando Ribeiro de Carvalho, a decisão de primeira instância que tirou a prefeita (aqui) da Santa Casa. Nela, Elias Pedro denunciou o “roteiro venezuelano” do governo Rosinha na questão do hospital e questionou publicamente os critérios de investimento do dinheiro público de Campos: “A possibilidade financeira do município deve ser aferida a partir do enterro dos R$ 17 milhões com a construção da bizarra ‘Cidade da Criança’, dos mais de R$ 80 milhões com o subutilizado Centro de Eventos Populares (Cepop) e dos R$ 18 milhões anuais gastos com parques e jardins”.
Na ausência de Elias Pedro, quem dirigiu a audiência foi o promotor estadual Leandro Manhães. Suas propostas de acordo foram recusadas pelos representantes do município, que solicitaram 15 dias para analisar a viabilidade das citações.
Audiência hoje entre a junta interventora da Santa Casa e a Prefeitura de Campos (foto de Genilson Pessanha - Folha da Manhã)
Audiência hoje entre a junta interventora da Santa Casa e a Prefeitura de Campos (foto de Genilson Pessanha – Folha da Manhã)

Por Aluysio, em 28-10-2015 - 17h25 / Folha da Manhã

Com informações do repórter da Folha Marcus Pinheiro 

Category:

0 comentários

!-- -->